24 de setembro de 2015

MULHERES COBRAM PUNIÇÃO PARA POLICIAIS ENVOLVIDOS EM CASOS DE ASSÉDIO



A punição para os policiais envolvidos em casos de assédio sexual e moral foi defendida em audiência publica interativa na Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, nesta terça-feira (22).

Dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) - segundo pesquisa realizada em parceria pelas duas instituições - indicam que 40% das policiais das guardas municipais, perícia criminal, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Federal já sofreram algum tipo de assedio moral ou sexual.

Na maioria dos casos, o agressor é um superior hierárquico, indica o estudo, segundo o qual apenas 12% das vítimas denunciam o abuso. Cerca de 48% das policiais afirmaram não saber como denunciar os casos, e 78% das que registram queixa não ficarão satisfeitas com o desfecho dos episódios.

— Se temos policiais travestidos de bandidos dentro das corporações temos que eliminá-los, mas não deixar que a instituição sofra qualquer abalo, porque o estado democrático de direito necessita, com certeza, de uma polícia fortalecida. O assédio é violentíssimo, partindo de alguém superior é mais grave ainda — afirmou a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki.

Miki disse ainda que as policiais sofrem com a falta de instrumentos adequados de trabalho, citando o caso dos coletes de proteção, todos voltados à compleição física dos homens, além da empunhadura das armas, mais adequadas à mão dos colegas masculinos de farda.

Representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Taís Cerqueira Silva disse que a cultura organizacional no Brasil parece não se importar com a violência praticada contra as mulheres, muitas vezes banalizada na sociedade.

— Ainda existe uma cultura institucional, uma tolerância à violência contra as mulheres, que não pode deixar de ser discutida quando se fala em assédio. São frases como [a mulher] “provocou até que o homem perdeu a cabeça”. A violência está arraigada em valores culturais. Por isso precisamos trabalhar esses valores também — afirmou.
Fonte: Senado Notícias

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