A
punição para os policiais envolvidos em casos de assédio sexual e moral foi
defendida em audiência publica interativa na Comissão Permanente Mista de
Combate à Violência contra a Mulher, nesta terça-feira (22).
Dados
recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Fundação Getúlio Vargas
(FGV) - segundo pesquisa realizada em parceria pelas duas instituições -
indicam que 40% das policiais das guardas municipais, perícia criminal, Corpo
de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Federal já sofreram algum tipo de assedio
moral ou sexual.
Na
maioria dos casos, o agressor é um superior hierárquico, indica o estudo,
segundo o qual apenas 12% das vítimas denunciam o abuso. Cerca de 48% das
policiais afirmaram não saber como denunciar os casos, e 78% das que registram
queixa não ficarão satisfeitas com o desfecho dos episódios.
— Se
temos policiais travestidos de bandidos dentro das corporações temos que
eliminá-los, mas não deixar que a instituição sofra qualquer abalo, porque o
estado democrático de direito necessita, com certeza, de uma polícia
fortalecida. O assédio é violentíssimo, partindo de alguém superior é mais
grave ainda — afirmou a secretária nacional de Segurança Pública do Ministério
da Justiça, Regina Miki.
Miki
disse ainda que as policiais sofrem com a falta de instrumentos adequados de
trabalho, citando o caso dos coletes de proteção, todos voltados à compleição
física dos homens, além da empunhadura das armas, mais adequadas à mão dos
colegas masculinos de farda.
Representante
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Taís
Cerqueira Silva disse que a cultura organizacional no Brasil parece não se
importar com a violência praticada contra as mulheres, muitas vezes banalizada
na sociedade.
—
Ainda existe uma cultura institucional, uma tolerância à violência contra as
mulheres, que não pode deixar de ser discutida quando se fala em assédio. São
frases como [a mulher] “provocou até que o homem perdeu a cabeça”. A violência
está arraigada em valores culturais. Por isso precisamos trabalhar esses
valores também — afirmou.
Fonte: Senado Notícias
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