|
GMs Ferreira, Elson e Jailson. |
Os
Guardas Municipais de Maceió, Ferreira, Elson e Jailson, que há mais de dois
anos vinham atuando no 3º GO da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) cidade alta,
procuraram o GM NOTÍCIA-AL, na manhã do último sábado 16/06, para denunciar
suposta prática de perseguição por parte do coordenador de operações da Guarda
Municipal.
Os GMs
relataram ao Blog que, no último dia 12 de junho, quando se encontravam de
serviço na parte alta de Maceió, teriam sido contatados pelo então coordenador
de operações, Inspetor Gerônimo, para que fosse pegá-lo em sua residência e levá-lo
até o Centro onde aconteceria uma operação de reordenamento.
Ao
chegar ao calçadão do comercio, o coordenador teria exigido dos GMs que entrassem
em forma, juntamente com fiscais da SEMSCS, para pousar para uma equipe da TV
Gazeta que aguardava para registrar a atuação da prefeitura combatendo os
ambulantes. Por terem se negado a participar das filmagens e da operação que
aconteceria naquela manhã os GMs teriam sido perseguidos e afastados da ROMU.
A
argumentação dos GMs para o coordenador foi que naquela ocasião não havia
condições de segurança para que pudessem combater os ambulantes. Eles teriam
lembrado ao superior que por várias vezes haviam reivindicado a aquisição de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e artefatos necessários para atuar
com segurança no controle de distúrbios, reivindicação que teria sido ignorada
pela prefeitura.
“Com certeza aquela operação iria acabar igualmente as
outras, em um confronto violento com os ambulantes dado aos ânimos exaltados, e
mais uma vez iriamos está em desvantagem e expostos a todo tipo de agressão,
tanto física quanto moral”. Desabafou o GM Ferreira, um dos afastados da ROMU.
Os GMs
também relataram ao Blog que essa não havia sido a primeira vez que eles teriam
advertido o coordenador de operações dos riscos de botar a tropa para atuar no
combate aos ambulantes sem que a prefeitura desse a devida estrutura logística.
“Por
várias vezes questionamos a insegurança naquelas operações e nunca nos deram
ouvidos, e por conta desse acúmulo de reclamações é que fomos perseguidos”. Argumentou o GM Ferreira.
“Nos últimos confrontos fomos agredidos e desmoralizados
perante a população e demais profissionais da segurança pública por estarmos
sem EPI’s e artefatos para dispensar os ambulantes, e tudo aconteceu porque a
prefeitura foi omissa, não providenciou, não quis investir em Equipamentos
Individuais de Proteção”. Destacou o GM Jailson, também afastado da ROMU.
Os GMs
disseram também que a decisão do coordenador de afastá-los da ROMU teria sido
motivada por conta das constantes cobranças e questionamentos que faziam rotineiramente
sobre a insegurança da tropa nas operações de reordenamento no Centro, e que
por esse motivo o Inspetor teria decidido pedir a cabeça dos três ao Secretário
Ivon Berto e ao Inspetor Geral da Guarda, Edson Cavalcante.
“Não nos arrependemos da decisão tomada naquele dia,
agimos em prol da nossa segurança, dos demais companheiros de farda, dos fiscais
da SEMSCS, e do próprio coordenador de operações. Não havia mais condições
alguma de continuarmos nos arriscando naquela operação, por isso nos recusamos
a participar naquele dia”. Ressaltou o GM Elson, também afastado da ROMU.
Os GMs
relataram ainda que o coordenador já havia os ameaçado de afastá-los da ROMU através
do WhatsApp, perseguição que teria se concretizado no último sábado 16/06, quando
foi divulgada uma escala constando a locação deles em Unidades de Saúde da
parte alta de Maceió. Conforme escala apresentada ao Blog, o GM Ferreira
aparece locado na Unidade de Saúde IB Gato, no Tabuleiro. O GM Elson, na
Unidade de Saúde Djalma Loureiro, no Clima Bom, já o GM Jailson, na Unidade de
Saúde CAIC, no Benedito Bentes.
Desde
que a prefeitura de Maceió resolveu reordenar o Centro tem sido constante os
confrontos envolvendo GMs e vendedores ambulantes não cadastrados na
prefeitura, situação que tem botado Guardas Municipais e Fiscais da SEMSCS em risco
por conta da reação violenta dos ambulantes.
Decisão
semelhante a essa tomada pelos GMs da ROMU, de se negar a participar de
operações no Centro de Maceió por falta de segurança e aparato logístico, também
foi tomada pelo então Inspetor Geral da Guarda Municipal a época, Rubem
Fidelis.
Em
agosto de 2017, visando salvaguardar a integridade da tropa, Rubem Fidelis
descumpriu ordens e decidiu não enviar GMs para combater os ambulantes no
Centro. Um mês após ter tomado essa decisão o Inspetor pediu exoneração da
pasta.
Numa
breve pesquisa realizada na Internet, o Blog constatou que o descaso da
prefeitura para com a segurança dos GMs que atuam no Centro combatendo os
ambulantes não vem de agora.
No dia
12 de agosto de 2014, durante
operação de reordenamento no Centro, ocorreu um confronto entre ambulantes e GMs.
Houve muita correria, lojistas fecharam as portas e mais uma vez os Guardas
Municipais não tiveram condições de atuar naquele distúrbio por falta de condições,
o BOPE foi acionado e interviu para dispensar os ambulantes.
No dia
7 de abril de 2015, em mais uma operação,
também no Centro, ambulantes e GMs voltaram a se confrontar. Naquele dia foi
registrada muita correria. A prefeitura anunciava que os ambulantes só poderiam
permanecer nas proximidades da Praça dos Palmares e no Shopping Popular. Mais
uma vez os GMs passaram por constrangimento por falta de EPI’s.
No dia
13 de julho de 2017, novo confronto
foi registrado. Depois de deter um ambulante que teria ameaçado GMs e Fiscais
com um facão, houve violenta investida dos ambulantes, sem condições de revide
os GMs tiveram que correr. Em um vídeo que circulou nas redes sociais foi
possível ver um suposto ambulante escondendo uma arma de fogo na bermuda.
No dia
27 de fevereiro de 2018, em mais uma
operação novo tumulto envolveu ambulantes, GMs e Fiscais. Durante o tumultuo houve
disparos de arma de fogo. Por falta de estrutura logística dos GMs, PMs
interviram e fizeram uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para
dispensar os ambulantes.
Em
março de 2018, a SEMSCS reconheceu
haver infiltração, junto aos ambulantes, de “uma milícia” que estaria atuando
para provocar e incitar os ambulantes a entrar em confronto com os Guardas
Municipais, descoberta que poderia ter servido para convencer a cúpula da
gestão municipal da necessidade de se adquirir EPI’s e artefatos para o combate
de distúrbios, no entanto, isso não aconteceu.
De
fato, os registros de imagens e vídeos veiculados na Internet expondo a
fragilidade dos Guardas Municipais para atuar em situação de distúrbios são lamentáveis
e vergonhosos, principalmente para a gestão municipal que antes de qualquer
interesse deveria zelar pela segurança desses servidores.
O Blog
contatou o SINDGUARDA-AL para falar sobre essa suposta perseguição aos GMs. Um
dirigente ressaltou que já havia recebido os GMs na entidade e que as
providências já estavam sendo tomadas. Disse ainda que a entidade repudiava
toda e qualquer prática de perseguição e que não iria permitir tal abuso por
parte de qualquer que fosse o gestor.
O Blog
contatou também o coordenador geral de operações, Inspetor Gerônimo, para ouvir
a sua versão sobre tais denúncias. Ele disse não proceder à informação de que
ele estaria perseguindo os GMs.
Destacou
que essa denúncia não passava de estratégia de defesa, e que há muito tempo
vinha cobrando deles, dos GMs, responsabilidade, pontualidade, disciplina e
respeito à hierarquia.
O
coordenador finalizou a conversa dizendo que já havia falado para o secretário
Ivon Berto: “prefiro entregar meu cargo comissionado a ficar desmoralizado por
servidores que não quer nada com a instituição”.
O Blog
reitera, mais uma vez, a plena disponibilidade desse espaço para as partes
envolvidas nesse lamentável episódio.
GM NOTÍCIA-AL