DESPESAS ESTADUAIS COM A FOLHA DE PAGAMENTO DE POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES INATIVOS SALTARAM QUASE 100% EM POUCO MAIS DE UMA DÉCADA
RIO -
Em meio à discussão sobre a possibilidade de deixar os Estados de fora da reforma da Previdência, um estudo do Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta
segunda-feira, 29, projeta que, em 25 anos, o número de policiais militares e bombeiros aposentados deverá dobrar na soma de todos os Estados,
atingindo 500 mil inativos, se as regras de aposentadoria não forem alteradas.
O instituto lembra que as despesas estaduais com a folha de pagamento de
policiais e bombeiros militares inativos saltaram quase 100% em pouco mais de
uma década.
Para fazer a projeção para o
total de inativos no futuro, os pesquisadores do Ipea levaram em conta os
padrões de aposentadoria conforme os estatutos de cada Polícia Militar (PM) e
Corpo de Bombeiros, a idade dos inativos atuais e as expectativas de sobrevida
calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Também consideraram que a PM e o Corpo de Bombeiros de cada Estado reporiam a
vaga de cada policial aposentado, para efeito das projeções para as próximas
décadas.
Fundamentais para a manutenção da segurança
pública, as PMs estão entre os principais gastos dos
governo estaduais - e a folha de aposentados e pensionistas de policiais e
bombeiros canaliza parte importante da receita dos Estados. Segundo o Ipea, os
Estados gastam, em conjunto, quase R$ 80 bilhões ao ano com a folha de
pagamentos dos policiais militares, equivalente a cerca de 12,5% da receita
corrente líquida (RCL)somada de todos os governos estaduais.
"Os gastos com policiais e bombeiros militares
representam um peso crescente nas contas públicas dos estados brasileiros. Essa
tendência está relacionada às condições de transferência para a reserva
remunerada, as quais possibilitam que os militares se tornem inativos em idades
muito inferiores às dos demais trabalhadores", justificou o Ipea, no
levantamento.
Esse gasto subiu rapidamente na última década. Em 2006, o
conjunto dos governos estaduais gastava R$ 39,9 bilhões com a folha total de pagamentos
de policiais militares e bombeiros. Em 2017, esse gasto total foi quase o
dobro, chegando a R$ 79 bilhões, a preços constantes de junho de 2018, nos dois
momentos.
Segundo o estudo do Ipea, o gasto total da folha com os
militares subiu, em média, 7% ao ano entre 2006 e 2017, enquanto a RCL somada
dos Estados cresceu a uma média de 3%. Consequentemente, o peso das folhas de
pagamentos subiu, de cerca de 9% para 12,5% da RCL - "dois terços dessa
variação se devem ao aumento nas despesas com inativos e pensionistas",
diz o estudo do Ipea.
Além dos 270 aposentados e dos 130 mil pensionistas, o
Brasil possui cerca de 480 mil policiais militares em atividade. "O número
total de militares estaduais deverá apresentar crescimento nos próximos anos:
por um lado, a quantidade de ativos tende a permanecer mais ou menos constante
com a reposição daqueles que deixam o serviço militar por qualquer razão; por
outro, a de inativos deverá aumentar bastante, uma vez que as concessões de
benefícios deverão ser muito superiores aos cancelamentos por morte", diz
a conclusão do estudo, publicado na edição do primeiro trimestre da Carta de
Conjuntura do Ipea.
Fonte: O ESTADÃO
Nenhum comentário:
Postar um comentário