O Prof.Msc. Roberto Darós acaba de lançar a
segunda edição do seu livro “Segurança Pública: o novo pacto reformista da
sociedade brasileira na estruturação da defesa social”. Trata-se de uma
publicação onde o autor, que atuou durante 30 anos na investigação criminal da
Polícia Federal, defende um novo modelo mais eficaz e moderno de gestão da
Segurança Pública no País.
Ele tem viajado todo o Brasil divulgando os
resultados de sua pesquisa científica e destacando pontos como, por exemplo,
conflitos de competências e atribuições nas atividades da Segurança Pública,
defendendo também o fim do inquérito policial, além de criticar as proposições
levantadas no Congresso Nacional que tratam de expansionismo penal e redução da
maioridade penal, inclusive faz a proposta de transformar a Guarda Civil
Municipal – GCM, em Polícia Municipal, apontando falhas no sistema prisional e
sugerindo diversas outras mudanças estruturantes.
Darós é advogado criminalista, mestre em
Direito Processual Penal pela Ufes, professor da Pós-Graduação em Ciências
Penais e Segurança Pública da UVV, Coordenador da Pós-Graduação em Direito
Cibernético, Processo e Jurisdição da UVV, Vice-Presidente da Comissão de
Segurança Pública da OAB/ES e especialista em Ciência Policial e Investigação
Criminal da Polícia Federal.
Confira, abaixo, o trecho da entrevista em
que Darós fala sobre as Guardas Municipais.
A utilização
indevida das guardas civis municipais e as demais forças auxiliares demostram a
necessidade de reestruturação da Segurança Pública?
“Eu quero iniciar essa fala enaltecendo o
brilhante e heroico trabalho das guardas civis municipais de todo o País, que
eu caracterizo como uma atividade de crescimento na área de segurança pública
muito importante para a sociedade brasileira”.
“As GCM’s estão conquistando o respeito da
população, buscando aquilo que nós deveríamos entender como polícia comunitária,
diferentemente de quando a polícia militar coloca rótulos em suas viaturas
denominando-as de “patrulhas comunitárias”. Isso não é polícia comunitária”.
“A verdadeira polícia comunitária é o
trabalho que a Guarda Civil Municipal – GCM, está fazendo. Mas, na realidade,
para a guarda civil municipal, o legislador constituinte originário deixou
claro que ela é uma força auxiliar. A GCM ainda não é corporação policial. Não
quero que isso pareça uma fala antipática porque eu sou o único doutrinador do País
que tem coragem de dizer: passou da hora de transformar a guarda civil
municipal em “polícia municipal”. Eles merecem isso... o verdadeiro
reconhecimento da necessidade de uma estrutura legislativa que dê competência
policial a essa honrada instituição”.
“O que está sendo criado por vereadores,
deputados e senadores inescrupulosos é mais uma categoria sem apoio jurídico,
sem estrutura legislativa, fazendo de conta que eles são policiais e não são.
Eles são guardas municipais, com todo respeito, volto a enaltecer o trabalho
deles. Porque o artigo 144 da Constituição Federal de 1988 é claro: só existem
cinco corporações policiais: federal, rodoviária federal, ferroviária federal,
civil dos estados e polícias militares junto com o Corpo de Bombeiros. Então a
estrutura utilizada está toda comprometida e desarticulada”.
“O legislador constituinte originário já
deixou um grande problema para nós, que eu também quero que entendam como um
posicionamento científico. Eu não sou contra qualquer atuação efetiva na
segurança pública ou uma categoria específica. Todos devem somar forças, mas
por exemplo, o corpo de bombeiros militares aparece como corporação policial,
mas na realidade essa corporação não atua no combate à criminalidade, direta ou
indiretamente”.
Fonte: SINPEF/ES
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