É difícil imaginar um esporte que exige
contato físico, como o judô, estar sendo praticado durante o isolamento social
devido à pandemia de Covid-19. Mas, os guardas municipais, que também são
professores do Cândido Clube de Judô, projeto realizado na Guarda Municipal de
Maceió, conseguiram encontrar uma forma de dar continuidade aos treinos.
Criado há 10 anos pelo guarda
municipal Irã Cândido, o projeto social tem desempenhado importante papel na
vida dos cerca de 140 alunos e seus familiares. Seu principal foco é levar
noções de cidadania e oferecer oportunidades para os jovens e crianças participantes.
As aulas são gratuitas e, antes do período de isolamento, eram realizadas na
sede da Guarda, no Vergel, e no Clube da Caixa Econômica Federal (APCEF), em
Garça Torta.
Os atletas têm
participado de várias competições dentro e fora de Alagoas, como o Festival
Alagoano de Judô, Campeonato Alagoano de Judô, Copa Módulo de Judô e Campeonato
Norte-Nordeste de Judô. Além disso, alguns deles participaram da Seletiva para
o Campeonato Mundial Escolar, em Brasília, Distrito Federal.
Neste momento
atípico de isolamento social, os senseis fizeram uma adaptação das aulas para
que os alunos não ficassem ociosos. Os atletas do projeto participam das aulas
remotas nas segunda, quartas e sextas, a partir das 18h. Eles treinam durante a
aula, que é ministrada ao vivo, recebem instruções na hora e também demandas
para realizar em outro horário, com o objetivo de intensificar os treinos e
conseguir melhores resultados. Geralmente são exercícios como agachamentos,
flexões, abdominais e polichinelos.
No primeiro
momento, foi reforçado o conhecimento teórico sobre o esporte, utilizando
materiais didáticos, como vídeos educativos, vídeos motivacionais, filmes,
desafios, indicação de exercícios e aulas online, além do trabalho voltado à
cidadania, especialmente quanto aos cuidados preventivos contra a Covid-19. Na
segunda etapa, os instrutores elaboraram um plano de exercícios físicos e
treinamentos de forma remota, evitando, assim, que os alunos tivessem algum
prejuízo em sua condição física e até mental.
O fundador do Projeto,
Irã Cândido Teles da Silva, Faixa Preta Sexto DAN de Judô, falou sobre as
mudanças. “Passamos a enviar exercícios de forma virtual e vimos que uma boa
parte dos judocas tem irmãos, pai ou mãe que treinam, o que facilitou a
adaptação para desenvolver os treinamentos. Mas, alguns estão sem participar,
seja por falta de equipamentos, de interação ou mesmo não possuírem internet.
Então dos 140 judocas, 102 seguem fielmente nossos treinos remotos”, explicou.
Helena
Teodósio tem 20 anos, é faixa verde da academia e pensava que os treinos de
judô seriam prejudicados, por ser um esporte de constante contato físico. “Os
treinos presenciais envolvem proximidade com o adversário no tatame, inclusive,
seguramos muito o kimono uns dos outros. Mas, nas adversidades podemos
encontrar oportunidades e – por meio dos treinamentos virtuais – tive uma
percepção diferente das coisas e descobri que treinar sozinha também é
possível”, contou.
Gabriel Lins,
de 17 anos, é apaixonado pelo esporte e está no projeto desde 2010. Ele
ressaltou que o isolamento prejudicou todos os esportes, pois em sua maioria
são realizados em dupla ou grupo e destacou a importância do Projeto ter
continuado neste momento. “ Em casa eu consigo correr, fazer flexões,
abdominais e outros exercícios. Antes do isolamento, eu já estava pronto
participar de outra seletiva, mas, infelizmente, não vai poder ser realizada
agora. Continuar me movimentando e tendo os treinos de forma virtual está me
ajudando bastante”, afirmou.
A diarista
Deusirene Ferreira é faixa verde da academia e há seis anos é praticante
assídua do Judô na Guarda. “Aqui em casa sou eu, meu filho e minha filha e não
trocamos o judô por nada. Devido ao isolamento, não podemos estar juntos dos
outros judocas, mas tirando isso conseguimos treinar em família e adaptar
algumas coisas como: utilização da parede, porta, cadeira, enfim, qualquer
ferramenta que dê para utilizar e seguir com os exercícios e treinos”, disse.
Durante isolamento famílias unidas treinam o judô.
Fotos: arquivo pessoal
O sensei fundador
do Projeto incentiva os atletas. “Nesse período ímpar para a sociedade, não
poderíamos deixar nossos alunos ociosos. Nossa estratégia foi deixá-los
informados e levar opções para que não se afastassem do Judô. Fizemos um
trabalho de conscientização sobre os cuidados e perigos dessa pandemia.
Seguimos unidos, mesmo que online e, assim que for seguro, retornaremos às
atividades presenciais”, concluiu Irã Cândido.
Fonte: ASCOM
SEMSCS - Cristina Brito e Thamires Martins
Nenhum comentário:
Postar um comentário