9 de dezembro de 2024

Secretários querem mudar artigo da Constituição que trata de segurança pública

 

Proposta aprovada no Conselho de Secretários, em Brasília, vai na contramão do projeto apresentado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, que não cita câmeras corporais e atuação da PRF.

Os 27 secretários e respectivos representantes aprovaram, em Brasília, uma proposta diferente da PEC da Segurança, apresentada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, no fim da tarde desta quinta-feira (6).

O anteprojeto, de 12 páginas, ao qual a CNN teve acesso, foi aprovado por unanimidade. E trata de tópicos divergentes, que foram debatidos.

Um deles envolve as câmeras corporais em fardas policiais. O texto não menciona como obrigação. No entendimento dos secretários, esse assunto não deve ser incorporado à Constituição, mas, sim, em decreto ou diretriz governamental – federal e estadual.

Outro ponto de debate é a transformação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em polícia ostensiva, com competência para atuar nos estados. Os secretários são terminantemente contra a ideia, que foi apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski.

O texto também não faz menções a um fortalecimento das atribuições da Polícia Federal (PF) no combate ao crime organizado, como prevê a PEC da Segurança do governo federal.

Para os secretários, no texto, o principal item está no começo, que é: a inserção da “seção I, que institui formalmente o SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) e o art. 144-A da Constituição (ao invés de promover várias alterações ao texto constitucional)”. O artigo 144 da Constituição Federal trata da segurança pública, que é um dever do Estado e um direito e responsabilidade de todos.

Com isso, ficaria definido que “todos os entes federativos têm competência para atuar na segurança pública”, sem mencionar de forma específica a PF e PRF.

A proposta dos secretários também menciona que 20% do valor arrecadado em jogos on-line de apostas vá para o Fundo Nacional de Segurança Pública.

“Sem prejuízo de outras fontes, o Fundo Nacional de Segurança Pública será custeado com, no mínimo, 20% do produto da arrecadação proveniente de apostas e jogos regularizados, de qualquer natureza, e com os recursos provenientes da perda decretada em favor da União, em decorrência dos processos criminais de crimes de lavagem de dinheiro, crime organizado e praticados por milicianos, estendida aos sucessores e contra eles executada, até o limite do valor do patrimônio transferido”, aponta o projeto.

E o texto dá mais autonomia para os estados atuarem no sistema prisional. A avaliação dos titulares é que, atualmente, o processo é travado.

“Esse texto praticamente reforça a competência dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, para poderem atuar na área de segurança pública. E ele prevê também uma liberdade administrativa, respeitando a Lei de Execuções Penais. Mas para que a movimentação dentro do sistema penitenciário, por exemplo, o RDD [regime diferenciado]… que isso seja possível ser gerido pelo gestor, pelo executivo. E, bem, originalmente, aquela versão, que já tinha sido apresentada para o Fórum Nacional de Governadores, prevê também que o Fundo Constitucional, que foi previsto pelo ministro da Justiça, para ser incluído na Constituição, que esse fundo não possa ser contingenciado. E prevê também algumas fontes de receita, como as loterias e as bets, em um percentual maior do que é hoje, para que isso possa realmente dar substância para o fundo, para que esses recursos possam repassar para a segurança dos estados”, disse, à CNN, o presidente do Consesp, delegado Sandro Avelar, secretário do DF.

O texto já está com o ministro Ricardo Lewandowski, segundo o secretário-executivo da pasta, Manoel Carlos de Almeida Neto. Assim, caberá ao ministro incluir as ideias do texto à PEC que está parada na Casa Civil. Fonte: CNN

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