31 de dezembro de 2020

E o porvir?

Descendit autem Dominus ut vide et civitatem et turrem quam aedificabant filii Adam et dixit (Gn 11.5)

GM HUGO
Que ano estranho e terrível, poderíamos dizer. Que ano estranho e terrível! Tanto os que possuem uma certa sensibilidade, quanto os mais dados ao trabalho árduo da razão, e ainda aqueles que não possuem nem aquela nem esta, sentiram, perceberam e intuíram algo de inominável e de textura maligna no ar: como que uma espécie de hálito morno e podre preenchendo todos os espaços, tornando-os irrespiráveis; ou como uma espécie de opressão ou mesmo pressão invisível sobre a existência ou ainda como que um tipo de névoa espessa encobrindo a visão do povir. Algo, sim, de inaudito grudado nas paredes; nas peles; na mente; na cultura ... que, em nossos dias, convergiu e mostrou alguma unidade e forma; algo que, ao longo dos tempos, paralelo as obras dos filhos de Deus, os filhos dos homens1 planejaram!

Ainda que essa atmosfera que nos cerca se mostre com a feição de algo estranho e nunca vista, não o é para a tradição cristã, da qual fazemos parte: os santos de outrora; os videntes; os profetas..., anteviram-na. E, em seus oráculos, vaticínios, versos e narrativas, descreveram-na através da simbologia esparsada nas Escrituras sagradas, deixando-nos o registro do que viram, sem no entanto experienciarem realmente em seus dias.

Mas não é só o inominável e o profano que haveria de se manifestar no tempo ultimo que está registrado em sua forma simbólica nos textos sacros2. Há os símbolos da vitória3; há a descrição de como o Todo Poderoso há de nos fazer triunfar sobre o mal lavrado nos subterrâneos que agora vemos a olho nu. Há a descrição de um céu límpido e luminoso de cuja luz penetra nos lugares mais inóspitos, libertando-os de toda escuridão; há a descrição da atmosfera leve, pura que ao respirarmos, sentiríamos a própria vida do altíssimo sobre e dentro de nós; há a descrição do sagrado em sua densidade e finura experienciado não como cultura, mas como vida mesma: sentida, respirada, vista e vivida – em nós estará a plenitude, o acabamento e a concretude daquilo que os santos tinham certeza, mas que em seus dias morreram crendo, mas que o experienciarão ao mesmo tempo que nós, conforme nos diz o escritor aos hebreus: “Foi na fé que todos eles morreram, sem terem obtidos os bens prometidos, mas tendo-os somente visto e saudade de longe, confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra4”; e em outro lugar arremata dizendo: “E todos estes, apesar de terem recebido um bom testemunho, graças à sua fé, não alcançaram a realização da promessa, porque Deus tinha previsto algo de melhor para nós, de modo que eles não alcançassem a perfeição sem nós5”.

Por isso é que posso afirmar: feliz 2021! Que ele venha! Aquilo que esse novo ano trouxer, vem com a rubrica do todo poderoso e nada escapará aos seus desígnios para aqueles que o temem. 

São os sinceros votos de: Hugo de Albuquerque Silva - Feliz 2021!

Nenhum comentário: