O PT lançou nesta segunda-feira (1º) uma cartilha com diretrizes para uma política nacional de segurança pública, durante um seminário que ocorre no Rio de Janeiro. O encontro, organizado pelo partido em parceria com a Fundação Perseu Abramo, acontece em um momento em que a direita cresceu nas pesquisas no estado após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte, no fim de outubro. A ação contra o Comando Vermelho deixou 122 mortos — entre eles cinco policiais — e reacendeu o debate sobre modelos de combate ao crime organizado.
A cartilha reúne diagnósticos e propostas para uma política de segurança baseada em prevenção, inteligência, tecnologia e atuação coordenada entre os entes federativos. O documento defende estratégias como monitoramento avançado, rastreamento financeiro de facções, ocupação permanente de territórios e programas sociais que evitem a cooptação de jovens pelo crime.
Apesar do esforço por unidade, o evento expôs divergências dentro do partido. O presidente estadual do PT, Diego Zeidan, defendeu a megaoperação do governo do Rio e citou a intenção de armar a guarda municipal de Maricá com fuzis. Zeidan é filho de Washington Quaquá, prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT. Logo depois, a deputada federal Benedita da Silva adotou posição contrária e criticou abordagens violentas. Ela afirmou que a segurança pública é um tema fundamental e destacou que o PT precisa formular propostas com participação social e foco na prevenção.
“Não adianta fazer uma operação e no outro dia o Estado não estar no território, ocupando aquela área e oferecendo segurança cotidianamente para a sociedade. E, claro, se você não fechar a torneira do dinheiro do crime, se não asfixiar o crime, como o governo do presidente Lula tem feito nas operações Carbono Oculto, que rastreiam o dinheiro das facções e trancam essa fonte de recursos”, disse Benedita.
O presidente nacional do PT, Edinho Silva, reforçou que o enfrentamento ao crime deve priorizar inteligência e redução da letalidade. Para ele, “a polícia de confronto não pode ser banalizada” e o país precisa de ações que “fechem as torneiras do dinheiro do crime”, combinadas com políticas sociais e reinserção de egressos do sistema prisional. Edinho reconheceu visões diferentes, mas disse que o objetivo é construir consenso antes das eleições.
“Consenso você só constrói com diálogo. A nossa intenção é sair daqui com um plano de trabalho que dialogue com a realidade da sociedade brasileira, sem simplificar o debate sobre segurança pública. Não existe política de segurança que seja simplista. Você não combate o crime organizado sem asfixiar seus recursos, fechando a torneira do dinheiro, como temos feito na operação Carbono Oculto”, ponderou Edinho.
O ex-ministro José Dirceu também comentou a disputa interna e defendeu que o partido avance em uma proposta nacional. Ele afirmou que o seminário busca “unificar o PT em torno de uma proposta de segurança pública”, num cenário em que o crime organizado tem ampliado sua presença em várias regiões do país.
“Nós sabemos reconhecer nossos erros, nossas deficiências e buscamos avançar e melhorar o PT. Este é um esforço para unificar o partido em torno de uma proposta de segurança pública. Vamos trabalhar até abril para unificar o PT em torno de uma proposta de governo, de uma tática eleitoral e de um programa do partido”, avaliou José Dirceu.
O encontro reúne diretores do PT, lideranças políticas e especialistas. A Fundação Perseu Abramo avalia que a cartilha deve servir de base para o diálogo com a sociedade e para futuras propostas legislativas e programáticas do PT na área. Fonte: CNN

Nenhum comentário:
Postar um comentário