20 de fevereiro de 2014

PREFEITURA GASTA R$ 500 MIL EM ARMAS, MAS GUARDAS DE BH NÃO PODEM USAR



MAIS DE 300 REVÓLVERES E PISTOLAS ESTÃO GUARDADOS HÁ 9 ANOS PORQUE AGENTES NÃO TÊM PORTE DE ARMA. MESMO ASSIM, GUARDA ADMITE TRABALHAR ARMADO.


Em Belo Horizonte, a Guarda Municipal tem mais de 300 armas estocadas há nove anos. O arsenal custou quase R$ 500 mil. Mas os agentes não podem usar as armas porque não têm treinamento.
No Brasil, cidades com mais de 50 mil habitantes podem armar as Guardas Municipais. Mas é preciso seguir critérios como treinamento técnico e autorização da Polícia Federal para porte de arma e testes de capacidade psicológica.

A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo trabalha armada. No Rio de Janeiro, uma lei municipal proíbe essa prática.

Em Belo Horizonte, a prefeitura chegou a comprar, em 2005, 300 revólveres calibre 38 e outras 50 pistolas 380 para os guardas municipais. Só que as armas nunca foram distribuídas e estão até hoje sob os cuidados da Polícia Militar – um gasto de quase meio milhão de reais.

O Ministério Público está processando o município e quer saber porque o dinheiro foi gasto dessa maneira. “Eles tiveram uma autorização do Exército para comprar, mas eles não tiveram uma autorização da Polícia Federal para portar a arma. Então, sem o porte, você não pode utilizar a arma em via pública”, explica o promotor de Justiça Eduardo Nepomuceno.

A assessoria da Guarda Municipal informou, em nota, que o uso das armas depende da análise de questões técnicas e orçamentárias.
Alheio à indefinição do poder público, um guarda municipal vai para o trabalho armado. Ele diz que outros colegas também usam armas. E explica que é uma forma de proteção porque muitas vezes precisam fazer a segurança em áreas perigosas. “A gente vê isso toda hora, tráfico na frente da gente. Nós já passamos por ocasião da pessoa ter sido roubada, com arma de fogo, e a gente ficar assim, indefeso”, diz o Guarda Municipal, sem se identificar.

O especialista em Segurança Pública Luiz Flávio Sapori não vê necessidade de armar a corporação. “Não é o trabalho de ficar prendendo criminosos, de ficar reprimindo o tráfico de drogas, por exemplo. Arma de fogo é adequada para alguém, para um profissional que está em embate direto com o crime, principalmente, com o crime violento”, avalia o doutor em Sociologia.

A Guarda Municipal de Belo Horizonte informou que se algum agente for flagrado usando arma de fogo, ele será punido e pode ser exonerado. Nem a prefeitura, nem a Guarda Municipal quiseram explicar por que as armas foram compradas, se os agentes não tinham porte.
Fonte: Bom Dia Brasil

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