Em
Belo Horizonte, a Guarda Municipal tem mais de 300 armas
estocadas há nove anos. O arsenal custou quase R$ 500 mil. Mas os agentes não
podem usar as armas porque não têm treinamento.
No
Brasil, cidades com mais de 50 mil habitantes podem armar as Guardas
Municipais. Mas é preciso seguir critérios como treinamento técnico e
autorização da Polícia Federal para porte de arma e testes de capacidade
psicológica.
A
Guarda Civil Metropolitana de São Paulo trabalha armada. No Rio de Janeiro, uma lei municipal proíbe essa prática.
Em
Belo Horizonte, a prefeitura chegou a comprar, em 2005, 300 revólveres calibre
38 e outras 50 pistolas 380 para os guardas municipais. Só que as armas nunca
foram distribuídas e estão até hoje sob os cuidados da Polícia Militar – um
gasto de quase meio milhão de reais.
O
Ministério Público está processando o município e quer saber porque o dinheiro
foi gasto dessa maneira. “Eles tiveram uma autorização do Exército para
comprar, mas eles não tiveram uma autorização da Polícia Federal para portar a
arma. Então, sem o porte, você não pode utilizar a arma em via pública”,
explica o promotor de Justiça Eduardo Nepomuceno.
A
assessoria da Guarda Municipal informou, em nota, que o uso das armas depende
da análise de questões técnicas e orçamentárias.
Alheio
à indefinição do poder público, um guarda municipal vai para o trabalho armado.
Ele diz que outros colegas também usam armas. E explica que é uma forma de
proteção porque muitas vezes precisam fazer a segurança em áreas perigosas. “A
gente vê isso toda hora, tráfico na frente da gente. Nós já passamos por
ocasião da pessoa ter sido roubada, com arma de fogo, e a gente ficar assim,
indefeso”, diz o Guarda Municipal, sem se identificar.
O
especialista em Segurança Pública Luiz Flávio Sapori não vê necessidade de
armar a corporação. “Não é o trabalho de ficar prendendo criminosos, de ficar
reprimindo o tráfico de drogas, por exemplo. Arma de fogo é adequada para
alguém, para um profissional que está em embate direto com o crime,
principalmente, com o crime violento”, avalia o doutor em Sociologia.
A
Guarda Municipal de Belo Horizonte informou que se algum agente for flagrado
usando arma de fogo, ele será punido e pode ser exonerado. Nem a prefeitura,
nem a Guarda Municipal quiseram explicar por que as armas foram compradas, se
os agentes não tinham porte.
Fonte: Bom Dia Brasil
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