O procurador-geral de Justiça de
Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, concedeu - no dia de ontem, 23 - uma
entrevista exclusiva ao Portal Cada Minuto, por meio das minhas redes sociais.
Alfredo Gaspar falou de vários assuntos, inclusive sobre sua possível
candidatura ao Senado Federal neste ano. Como foram muitos temas, ainda farei
outros textos sobre o assunto.
Neste aqui, um ponto que me chamou atenção: ao comentar
sua passagem pelo comando da Secretaria de Segurança do Estado de Alagoas e uma
vida dedicada ao estudo do tema, Alfredo Gaspar de Mendonça foi certeiro: o
Estatuto do Desarmamento não trouxe nada de positivo. “Não resolveu o problema
e os índices de morte por arma de fogo só aumentaram. Como dizer que deu
certo?”.
“Há mais de 20 anos eu estou trabalhando na temática (da
segurança pública). É difícil para mim dizer que essa não é uma agenda
primordial. Para mim, Alfredo, é um ponto principal. O que me deixa
inconformado é nós termos um Brasil que há muitos anos, desde que começou a ser
pesquisado a evolução dos índices, nunca parou de se tornar uma calamidade.
Estamos caminhando para tragédias em cima de tragédias”, salientou.
De acordo com Alfredo Gaspar de Mendonça, a saída do
processo do regime militar deixou como herança um discurso muito forte de
combate às forças de segurança. O que em sua visão é um erro. “Isso se deu por
conta do golpe militar. E cada vez mais houve um caminhar para desestruturar as
forças de segurança com um discurso de ódio em relação a isso. É como se a
reabertura tivesse transferido para as forças de segurança do Estado aquele
sentimento que se tinha em relação às figuras da repressão do regime militar.
Isso eu notava com muita nitidez quando fui secretário de Segurança Pública”.
“Eu não me preocupo com o politicamente correto. Eu falo
o que eu penso. Para mim, bandido é bandido. Homem de bem é homem de bem. Eu
seria a favor da pena de morte se os grandes corruptos dessa nação fossem os
primeiros a serem executados. E aí, o Brasil pisa em ovos e se você fala algo
que não é politicamente correto, cai o mundo todo em cima de você. Falta alguém
para dizer: vamos seguir esse caminho. Você acha que no país que mata 60 mil
por ano a segurança não pode ser prioridade? Tem que ser”, complementou ainda
Alfredo Gaspar.
Estatuto do Desarmamento
Alfredo Gaspar também criticou o Estatuto do Desarmamento
e defendeu o direito do cidadão, dentro de critérios objetivos, ter acesso ao
porte de arma e fogo. “Vamos fazer uma retrospectiva rápida. Desde 1997, o
Brasil começou a criminalizar a questão do porte de arma. Em 2003, veio o
Estatuto do Desarmamento transformando conduta de porte em crime mais grave.
Quantas armas nós temos no país? O Brasil não sabe. Mas vou dá um chute perto
da realidade: digamos que o Brasil tenha 20 milhões de armas, sendo 10 legais e
10 ilegais. Desses 10 ilegais, 5 milhões estão nas mãos do criminoso. Então, a
quem o Estatuto do Desarmamento atingiu? Retiramos as armas das mãos dos que
poderiam portar legalmente, mas não desarmamos o criminoso”.
“O bandido segue tendo acesso fácil às armas. O Estatuto
desarmou o cidadão de bem. Além disso, temos que fazer uma perspectiva. Lá em
2003, o Brasil teve em torno de 40 mil mortes. Em 2017, temos mais 60 mil
homicídios. Ah, mas a população cresceu. Mas o número de mortes por arma de
fogo aumentou proporcionalmente. O Estatuto teve papel preponderante para
diminuir o papel de armas de fogo nisso? Não. Por que o Brasil continua numa
crescente de apreensão de armas? Quem possui essas armas? E por que o bandido
não consegue ser alcançado? O Estatuto do desarmamento falhou e temos que
dialogar com o cidadão que não se conforma por não poder ter uma arma porque
irá para cadeia, enquanto o bandido entra por uma porta da cadeia, sai por
outra e no outro dia está com uma arma novamente”, resumiu.
O procurador defendeu um estudo em que se possa
estabelecer critérios objetivos para garantir o direito ao cidadão. “É isso que
defendo. Uma legislação objetiva. Não defendo o liberou geral, mas sim que seja
garantido o direito por meio da legislação de forma clara. Portanto, sou a
favor de uma nova regulamentação com responsabilidade para que as pessoas de
bem sejam contempladas com critérios objetivos e claros”, pontuou.
Para Alfredo Gaspar, dizer que o Estatuto poupou vidas é
uma hipocrisia. “Estamos em uma tragédia. Qualquer marginal que queira uma arma
de fogo compra na esquina. Essa é a realidade. Não gosto do discurso fácil.
Precisamos de estudo e não de receita fácil”, concluiu.
Fonte: Blog do Vilar
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