12 de fevereiro de 2020

BAIXO EFETIVO NA GUARDA MUNICIPAL CONTINUA IMPULSIONANDO ARROMBAMENTOS E FURTOS A PRÉDIOS PÚBLICOS EM MACEIÓ


O boletim de ocorrência (BO), registrado na Central de Flagrantes, no dia 10 de janeiro, pela Secretária Municipal de Saúde de Maceió (SMS), decorrente do arrombamento a Unidade de Saúde Robson Cavalcante de Melo, situada no Conjunto Freitas Neto, no bairro Benedito Bentes, trouxe à tona, mais uma vez, o déficit de efetivo vivido pela Guarda Municipal há mais de duas décadas.

Com o arrombamento da Unidade do Freitas Neto, que não contava com os serviços de segurança patrimonial da Guarda Municipal, os marginais levaram computadores, cafeteiras, roteadores e medicamentos, ação delituosa que deixou para traz um rastro de prejuízos e transtornos para a população.

Com o efetivo estagnado por falta de concurso público há mais de 20 anos, a Guarda Municipal fica de mãos atadas restando-lhe tão somente absolver as críticas de seguimentos da sociedade que geralmente a classifica como sendo uma corporação inoperante, incompetente, despreparada e desaparelhada, crítica injusta que não condiz com a realidade vivida pelos GMs que integram a instituição.

A Secretaria Municipal de Saúde, frente as ocorrências de arrombamentos e furtos nas Unidades, costuma reagir como se não existisse uma Guarda Municipal na capital, e se restringe a cobrar do governo estadual maior reação da Polícia Militar, alegando ser a segurança pública um dever exclusivo do estado, enquanto na prática trata-se também de uma responsabilidade de todos.     

O fato é que, a corporação, em termo de contingente, não acompanhou o crescimento populacional de Maceió e a consequente expansão dos serviços disponibilizados pela prefeitura, descaso que contribuiu para elevar o déficit de efetivo que se agrava a cada ano por conta das aposentadorias e dos afastamentos por motivos de saúde.

Estima-se que até o final de 2020, cerca de 65 Guardas Municipais irão se aposentar, considerando o efetivo hoje estimado em apenas 700 servidores, a qualidade da prestação dos serviços da corporação tende a se agravar mais ainda.

Em outubro de 2017, a Secretaria Municipal de Segurança Comunitária e Convívio Social (SEMSCS) chegou a anunciar a abertura de concurso público para 500 vagas, iniciativa que amenizaria a carência de efetivo na Guarda Municipal, todavia, naquele mesmo ano, sem esclarecer as razões, a gestão municipal voltou atrás e anunciou a suspensão do certame.

A SEMSCS, juntamente com a inspetoria geral da Guarda Municipal, tem buscado medidas paliativas numa tentativa de preencher a carência de contingente. Em junho de 2019, o prefeito Rui Palmeira (PSDB) sancionou a Lei 6.901/2019, criando o Serviço Indenizado de Adesão Voluntária (SIAV), popularmente conhecido como bico legal.

Os Guardas Municipais que passaram a vender a sua hora de descanso aderindo ao SIAV, foram todos designados para reforçar a segurança no Centro da capital visando garantir a política de ordenamento adotada pela prefeitura, todavia, escolas, creches, Unidades de Saúde e outros prédios públicos permanecem sem a presença de Guardas Municipais.

O comandante da 3ª Região Operacional, Inspetor Edson Cavalcante, que também comanda a Roda Ostensiva Municipal (ROMU) cidade alta, disse que hoje seria necessário triplicar o efetivo da Guarda Municipal para suprir a demanda dos postos de serviço que surgiram nos últimos 20 anos.

O Inspetor salientou ainda o esforço mantido pela sua equipe para manter diuturnamente a segurança de prédios públicos, o serviço de ronda e o patrulhamento em postos onde não há a presença física do Guarda Municipal. É uma constante recebermos pedidos de locação de GMs para cobrir escolas, unidades de saúde, creches e eventos, no entanto, nos resta apenas intensificar a ronda motorizada nesses locais por não dispormos de efetivo. Informou Edson Cavalcante.   

A maioria dos Guardas Municipais de Maceió está acima dos 40 anos e mostra desmotivação por conta de direitos desrespeitados pela prefeitura, a exemplo da reposição salarial, cuja data-base não vem sendo cumprida, do não pagamento de retroativos, da não implantação de progressões por titulação e mérito, e da estagnação do porte e da aquisição de arma de fogo.

Ao longo dos últimos 20 anos, o Sindicato dos Guardas Civis Municipais de Alagoas – SINDGUARDA-AL, tentou, de várias formas e sem sucesso, conscientizar o gestor municipal da extrema necessidade de se realizar concurso público para assegurar, de forma efetiva, a prestação dos serviços de segurança patrimonial na capital, no entanto, não conseguiu avançar.

Nos últimos anos, a gestão municipal conseguiu dar alguns passos visando manter uma estrutura básica de trabalho para os Guardas Municipais. Foi regularizado o parte de arma para 30 GMs. Sancionada Lei e Decreto concedendo o auxílio fardamento. Adquirido 500 coletes balísticos, 30 bastões BP60, 5 novas viaturas, rádios digitais de comunicação, e 157 Sparks (Dispositivos elétricos incapacitantes).

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