8 de abril de 2020

Entidades rebatem fala de Guedes sobre congelamento de salários dos servidores


Entidades que representam os servidores federais criticaram a fala do ministro da Economia Paulo Guedes, que defendeu, no último domingo (dia 5) o congelamento dos salários dos servidores públicos por dois anos por causa da crise do coronavírus, Covid-19. A declaração de Guedes foi feita em uma reunião por videoconferência com deputados do DEM, conforme mostrou O GLOBO.

As representações defendem como uma das soluções para enfrentar a crise financeira a revogação da Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos da União com despesas primárias por 20 anos.

Décio Bruno Lopes, presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais (Anfip) lembrou que a maior parte dos servidores federais já estão com os salários congelados há mais de três anos, e, após a reforma da Previdência, a alíquota previdênciária subiu para diversas categorias e mais os descontos legais, como do Imposto de Renda, que pode chegar a 27% do vencimento bruto.

- Desde o governo passado, começou a acontecer uma caça aos servidores como se o funcionalismo fosse o culpado da crise econômica do Brasil, quando na verdade o servidor cumpre a lei, principalmente aquele que fiscaliza. Se reduzir o salário, reduz ainda mais o poder de compra do servidor, que paga suas contas e contribui para a economia como qualquer outro trabalhador.

A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) manifestou repúdio à fala de Guedes.

- Nossa posição é de repúdio a essa fala porque a categoria já vem sofrendo há anos com essa questão e porque tenta se colocar o pensamento, de uma forma em geral, de que os servidores são marajás, quando a gente sabe que a média salarial é baixa - comentou Isaac Lima, um dos coordenadores da Fenajufe.

Em nota, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) ratificou a análise de que a medida pode piorar o cenário econômico "uma vez que retirar poder de compra das pessoas num momento extremamente recessivo e pode promover uma retração ainda maior na economia real, aquela onde circula o dinheiro do país."

A entidade também sugere ao governo federal a suspensão do pagamento da dívida pública. "Mais de 40% do orçamento da União são destinados ao pagamento desses juros", afirmou a nota.
Fonte: Extra - Camilla Pontes

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